Autorização do Banco Central permite que Mercado Livre dispense intermediários na oferta de produtos e serviços financeiros no Brasil, mas não transforma a fintech em um banco.
Nesta quinta-feira (01) o Banco Central (BC) concedeu aval ao Mercado Livre para virar uma instituição financeira no Brasil. A companhia que tem sede na Argentina e atua em 19 países já oferece produtos e serviços financeiros no Brasil, mas a autorização do órgão regulador deve permitir que a empresa ofereça serviços de financiamento direto – tal como empréstimos e financiamentos – sem a participação de intermediários.
A instituição financeira do MercadoLivre deve dar mais independência a empresa no Brasil, além de reduzir o custo aos consumidores e aumentar a competitividade no setor bancário.
Conta digital com depósitos remunerados – O primeiro produto que o Mercado Livre quer oferecer aos seus clientes no Brasil é uma conta digital com depósitos remunerados, tal como a empresa já oferece aos consumidores da Argentina. O investimento seria remunerado de acordo com o prazo da aplicação conforme um CDB (Certificado de Depósito Bancário), mas, por ser uma conta de pagamentos e não um banco, não contará com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Conta digital do MercadoPago
Hoje o MercadoLivre já oferece produtos e serviços financeiros no Brasil através do MercadoPago, mas todos os produtos dependem de intermediários. O cartão pré-pago, por exemplo, é emitido pela PayPaxx; já o cartão de crédito é emitido em parceria com a Cetelem. Até a liquidação bancária depende de três bancos brasileiros.
No segundo semestre de 2018 a fintech já deu o primeiro passo para se transformar em uma conta de pagamentos no Brasil ao lançar uma linha de financiamento para quem não tem cartão de crédito, o Mercado Crédito.
A transformação do Mercado Pago em uma conta digital possibilitaria à fintech a oferta de contas de depósitos com numeração exclusiva, inclusive com a possibilidade de receber portabilidade do salário, tal como já é permitido pelo Banco Central em contas de pagamentos.
A entrada do MercadoLivre no setor financeiro deve acirrar a concorrência do setor. Em paralelo deve ajudar a reduzir o número de brasileiros desbancarizados.