Brasil pode usar Pix em transferências internacionais em 2022, mas pode enfrentar resistência dos Estados Unidos por causa do SWIFT.
O Pix nem foi lançado no Brasil e já há rumores de que o Banco Central pretende utilizar a tecnologia para facilitar transferências internacionais. A informação é de João Manoel Pinho de Mello, Diretor Organizacional do Sistema Financeiro e de Resolução do Bacen, ele afirmou que a internacionalização do Pix já está presente na agenda do órgão, mas que deve acontecer só entre 2022 e 2023.
De acordo com Mello, a internacionalização do Pix simplificaria as transferências internacionais, o que poderia ser positivo para os investidores estrangeiros, pois facilitaria o ingresso/regresso de moedas fiduciárias de outros países.
POLÊMICA DAS TRANSFERÊNCIAS INTERNACIONAIS INSTANTÂNEAS
A oferta de transferências internacionais instantâneas é um tópico complexo pois as leis internacionais de câmbio impõem diversos mecanismos de segurança aos bancos para prevenir crimes financeiros como evasão de divisas, sonegação de impostos, corrupção e outros crimes contra a ordem econômica.
Nas transferências internacionais a dominância dos Estados Unidos é inegável, o SWIFT funciona como forma principal de envio de dinheiro ao exterior na maioria das corretoras de câmbio. Junto com o SWIFT, há a dominância da moeda norte-americana nas transferências internacionais, mesmo quando a transferência é feita para um país que, por exemplo, utiliza o EURO, é comum que a operadora de câmbio transfira do REAL para o Dólar para, só então, transferir para a moeda do país do destinatário.
O mesmo ocorre no Brasil com quem recebe uma transferência internacional de um país que não utilize o Dólar Americano (USD), o valor precisa ser convertido para o dólar para só então ser convertido para o Real Brasileiro (BRL).
Já existem empresas de câmbio que oferecem remessas internacionais em, aproximadamente, 1 dia útil, é o caso da TransferWise, a multinacional de câmbio possui uma plataforma no qual consegue oferecer remessas internacionais até 8x mais baratas do que os bancos tradicionais; tal mágica é possível pois a multinacional com sede em Londres possui contas bancárias em diversos países e faz o processo de transferência internacional como se fosse uma transferência doméstica.
Quem envia dinheiro da França para o Brasil, por exemplo, faz o pagamento da transferência em moeda e meio de pagamento local (Euro), posteriormente, a TransferWise paga o destinatário/beneficiário em Reais no Brasil como se fosse uma transferência doméstica.
Certamente, os Estados Unidos não vão querer perder o papel de protagonista nas transferências internacionais. Vale lembrar que o país, por meio de seu sistema de transferência, atua como agente fiscalizador das operações, visto que os bancos que utilizam o SWIFT precisam seguir diversas regras de Compliance dos norte-americanos.
O mais provável é que o Pix seja adotado pelos bancos e pelas empresas de câmbio no pagamento e/ou recebimento das transferências internacionais no Brasil, mas o sistema de pagamento instantâneo do Banco Central não deve ser adotado como forma única no envio transfronteiriço.
O máximo que o BC pode fazer é criar um mecanismo de transferência em parceria com outros países, tal como fez a Europa através da SEPA.