Como as transferências instantâneas acabarão com DOC e TED no Brasil

Pix do Banco Central revolucionará o sistema de pagamentos no Brasil.

Em breve, o Brasil terá um moderno sistema de transferência interbancária, que permitirá que os consumidores enviem e recebam dinheiro independente do dia e do horário. Chamado de PIX, o sistema instantâneo de pagamentos vêm sendo desenvolvido pelo Banco Central e promete revolucionar o mercado financeiro. Com a implementação do novo sistema a tendência é que as transferências via DOC e TED se tornem obsoletas no país, entenda o porquê.

Pix, pagamentos instantâneos do Banco Central

Pix permitirá que consumidores realizem pagamentos e transferências 24/7 em até 10 segundos. (imagem: divulgação BC)

DOC e TED próximos do fim – Assim como os cartões substituíram os cheques nos pagamentos, as transferências instantâneas acabarão com o DOC e a TED, pois terão benefícios superiores e, melhor, custo reduzido.

Em um primeiro momento, com o lançamento do PIX as transferências por TED e DOC continuaram coexistindo, mas a tendência é que elas caiam em desuso, pois ficarão ultrapassadas.

Ninguem vai querer pagar mais caro para receber depois de muito tempo, em vez disso, optarão por pagar menos com o Pix e permitir que o destinatário recebe o dinheiro na hora, como se aquela transação fosse em dinheiro em espécie.

Hoje, nas transferências via DOC (Documento de Ordem de Crédito) o valor demora até 3 (três) dias úteis para cair na conta do destinatário. Já a TED (Transferência Eletrônica Disponível) cai no mesmo dia (geralmente em alguns minutos), desde que seja enviada em dias úteis e das 7h às 17h (em média, horário pode variar de acordo com cada instituição).

À noite nos dias úteis, nos finais de semana e nos feriados o consumidor fica impedido de fazer transferências via TED, pois o sistema de compensação não funciona. Tal fato impede que as transferências via TED sejam utilizas em larga escala como forma de pagamento.

PIX PERMITIRÁ TRANSFERÊNCIAS TODOS OS DIAS 24 HORAS

Com o Pix do Banco Central o consumidor poderá fazer uma transferência bancária em cerca de 10 segundos, mesmo que o destinatário seja uma conta de outra instituição financeira. O sistema funcionará ininterruptamente todos os dias, 24 horas.

Além disso, não haverá valor mínimo ou máximo para transferências, permitindo que o correntista pague qualquer pessoa ou empresa, independente do valor.

Vantagens do Pix do Bacen:

  • Transferências caem na conta do destinatário em até 10 segundos;
  • Não terá valor mínimo ou máximo (embora as instituições financeiras possam definir o valor máximo de acordo com o perfil de cada cliente e/ou por segurança);
  • Transferências em qualquer dia e horário (24/7);
  • BR Code criará um padrão unificado de QR Code para tornar os aplicativos de pagamentos compatíveis entre si;
  • Empreendedor não precisa adquirir maquininha específica para receber pagamentos por código QR;
  • Em breve o contribuinte poderá ter um QR Code vinculado ao CPF ou CNPJ e, assim, receber dinheiro pelo Pix mesmo sem ter uma conta em banco;
  • Fácil implementação – estabelecimentos que não quiserem usar celulares, tablets e computadores poderão imprimir o QR Code e colar no balcão para receber pagamentos;
  • Instituições financeiras poderão utilizar elementos adicionais para dar segurança as operações, dentre as quais: biometria, TouchID, biometria facial, token, etc;

Desvantagens:

  • Sistema será administrado pelo Banco Central e não impede que no futuro (em uma canetada de nossos parlamentares) as informações dos usuários sejam compartilhadas com outros órgãos dentre os quais: Justiça, Receita Federal, Polícia Federal, etc, principalmente se houver indícios de uso indevido do sistema de pagamentos (o que certamente terá);
  • Abre-se caminho para, no futuro, acabar com o imposto de renda e tributar os contribuintes automaticamente caso o dinheiro em espécie seja abolido do sistema. O governo terá tantas informações sobre você que não precisará mais que você diga o quanto ganha;

PADRÃO UNIFICADO DE QR CODE

As transferências instantâneas via PIX do Banco Central também deverão revolucionar os pagamentos, pois o sistema virá acompanhado com um padrão unificado de QR Code chamado “BR Code”.

O consumidor poderá pagar usando uma conta bancária ou aplicativo de pagamento sem precisar de um cartão físico.

No app, usando a câmera do celular, bastará “ler” o QR Code da pessoa ou estabelecimento que deseja pagar; tal sistema poderá ser incorporado inclusive nas maquininhas de cartões, tal como já acontece em algumas credenciadoras.

Hoje existem diferentes padrões de QR Code: a Cielo usa um sistema, a Rede, Getnet, PagBank/PagSeguro, PicPay, Mercado Pago, Stone e tão outras, utilizam outro padrão. Com o lançamento do Pix e a unificação com o BR Code, o sistema tende a ser todo interligado, o que permitirá que o consumidor pague por QR Code em qualquer um dos sistemas que utilizam a estrutura do sistema instantâneo de pagamento do Banco Central.

CRIARÁ CONCORRÊNCIA PARA AS VENDAS COM CARTÕES

Outro ponto que deve ser observado é que o Pix será um concorrente direto dos cartões de crédito e débito. Os estabelecimentos poderão aceitar pagamentos instantâneos com custos reduzidos.

Enquanto que para vender com cartão o empreendedor precisa comprar ou alugar uma maquininha, para vender por QR Code o estabelecimento pode usar um smartphone ou, simplesmente, imprimir o QR Code e colar no balcão para receber pagamentos dos consumidores pela câmera do celular.

Enquanto em uma venda à vista com cartão de crédito o custo médio é de 2,99%, no Pix a tendência é que as taxas sejam mais baratas, visto que algumas empresas poderão permitir transferências instantâneas sem nenhum custo, tal como já ocorre com as TEDs que são oferecidas de graça em alguns bancos digitais e fintechs.

No cartão há vários intermediários que acabam por encarecer o custo das transações, dentre os quais: bandeira, administradora e a credenciadora de pagamento responsável pela maquininha.

Devido ao custo reduzido, a tendência é que os próprios estabelecimentos comecem a incentivar a adoção da tecnologia nos pagamentos, vale lembrar que hoje o PicPay oferece 5% de cashback aos consumidores que fazem uso da tecnologia de pagamentos por QR Code, então o incentivo financeiro para a adoção do sistema já existe.

  • Mais barato;
  • Sem valor mínimo ou máximo;
  • Cai na conta do destinatário na hora;
  • Não precisa ter contato físico na hora de pagar;
  • Dispensa a necessidade de cartão físico;
  • É possível receber um pagamento por QR Code pelo smartphone, maquininha ou, simplesmente, imprimir e colocar um cartaz com o código bidimensional no balcão;
  • Empreendedores não precisam comprar e nem alugar maquininhas específicas;
  • Em breve consumidores sem conta bancária vão poder receber pagamentos por QR Code através de um código que ficará vinculado ao CPF ou CNPJ do contribuinte;
  • Risco quase nulo de chargeback, pois o cliente assina a transação digitalmente pelo celular através da senha, biometria ou Touch ID, por exemplo;

Outra vantagem do Pix em relação aos cartões está na agilidade em que o dinheiro cai na conta do destinatário, enquanto nas vendas com cartões há empresas de maquininhas que só depositam o dinheiro do vendedor depois de mais de 30 dias da data da venda, com o Pix o valor poderá cair na conta em apenas 10 segundos.

A utilização em pagamentos de larga escala só será possível devido ao fato das transferências instantâneas não apresentarem risco de chargeback para os comerciantes, ou seja, uma vez feito o envio não é possível fazer o estorno unilateral do pagamento.

Em caso de fraude financeira a instituição que recebeu o valor poderá até bloquear a conta para averiguação, mas não poderá devolver o dinheiro ao remetente sem antes analisar cuidadosamente a operação.

REDUZIRÁ A BUROCRACIA PARA TRANSFERÊNCIA DE DINHEIRO

Hoje, para fazer uma transferência por DOC e TED é necessário um grande número de informações, são elas:

  • Nome do banco;
  • Código de três dígitos do banco ou ISPB;
  • Número da agência (sem o dígito);
  • Número da conta (com o dígito);
  • Tipo da conta (corrente ou poupança);
  • Número do CPF ou CNPJ do destinatário (titular da conta que está enviando);

Com o Pix o pagamento poderá ser feito pela câmera de celular através de um simples QR Code que reunirá todas as informações necessárias para completar a transferência. Se, eventualmente, o consumidor não quiser transferir por QR Code, poderá realizar a transferência de forma simples como selecionar um contato na agenda no celular.

As instituições financeiras poderão vincular o perfil do correntista ao número do celular, e-mail, CPF e até o perfil nas redes sociais para, assim, reduzir consideravelmente o número de informações necessárias para completar um pagamento.

Atualmente o Pix está em fase de testes obrigatórios nas instituições financeiras que aderirem ao uso do sistema e, de acordo com o BC, a novidade deve estar disponível ao público já em Novembro de 2020.

De Junho a Novembro de 2020 as instituições estão realizando testes obrigatórios e implementando os mecanismos para viabilizar esse tipo de transferência.

Cronograma Final do Pix

Já estamos na penúltima etapa do processo de lançamento do Pix. Previsão é que as transferências instantâneas já estejam disponíveis em Novembro de 2020. (imagem: divulgação Banco Central)

Como o Banco Central definiu que o uso será obrigatório para todas as instituições com 500 mil clientes ou mais, a tecnologia deve estar disponível em Novembro em praticamente todos os bancos, fintechs e instituições financeiras do país.

Engana-se que o sistema só possui vantagens, as operações por QR Code serão centralizadas pelo Banco Central e, em alguns casos, poderão até mesmo serem compartilhadas como outros órgãos como a Receita Federal, por exemplo. A rastreabilidade das operações é algo que já acontece nas vendas com cartões, mas que deve ser intensificado com a adoção do sistema brasileiro de transferências.

O governo brasileiro, aliás, quer desestimular cada vez mais o uso do papel-moeda, pois ele dificulta a rastreabilidade e, consequentemente, dificulta o combate a crimes de sonegação de impostos, corrupção, evasão de divisas, enriquecimento ilícito e outros crimes contra o sistema financeiro nacional.

Se por um lado o sistema dá liberdade para que o consumidor movimente o dinheiro no sistema financeiro, por outro ele cria uma espécie de Big Brother financeiro através de um sistema unificado, centralizado e que pode identificar de onde o dinheiro vem e para onde ele vai.

Se o Pix evoluir a tendência é que no futuro nem seja mais necessário declarar imposto de renda, pois o Governo conseguirá tributar automaticamente os seus cidadãos e empresas.

Agora é esperar Novembro de 2020 chegar para ver essa revolução acontecer.

Matérias relacionadas no Conta-Corrente