Pix do Banco Central promete revolucionar o sistema financeiro nacional.
O mercado financeiro brasileiro deve ser bastante impactado pelo lançamento do Pix, sistema do Banco Central que permitirá que qualquer pessoa envie e receba dinheiro instantaneamente. O novo método de transferência interbancária deve tornar obsoleta as transferências via DOC e TED no Brasil.
Neste artigo pontuamos as principais mudanças que devem refletir no mercado financeiro nacional, bem como os impactos negativos para alguns mercados, tais como o setor de adquirência, por exemplo.
Conteúdo
- 1 TRANSFERÊNCIAS INSTANTÂNEAS 24/7
- 2 CUSTO ZERO PARA PESSOAS FÍSICAS
- 3 CONCORRÊNCIA COM MEIOS DE PAGAMENTOS
- 4 LIQUIDEZ NO SISTEMA FINANCEIRO
- 5 ENVIAR DINHEIRO FICA TÃO SIMPLES QUANTO MANDAR UMA MENSAGEM
- 6 INTEGRAÇÃO COM DESBANCARIZADOS
- 7 RISCO DO LANÇAMENTO DE UM NOVO TRIBUTO NOS MOLDES DA ANTIGA CPMF
- 8 CENTRALIZAÇÃO – GOVERNO TERÁ MAIOR CONTROLE
TRANSFERÊNCIAS INSTANTÂNEAS 24/7
Eis aqui a principal vantagem do Pix do Banco Central, ele permitirá o envio de dinheiro em até 10 segundos, independente do dia e do horário em que a transferência é realizada. Hoje, as transferências via DOC e TED estão limitadas ao horário comercial; à noite, nos finais de semana e nos feriados o consumidor não consegue enviar dinheiro de um banco ao outro.
De acordo com o BC, o tempo médio de envio de dinheiro pelo Pix será de 4 segundos, podendo a transferência ser realizada em qualquer dia e horário.
CUSTO ZERO PARA PESSOAS FÍSICAS
Como se não bastasse o fato do Pix ser um método 24/7 e instantâneo, o Banco Central ainda divulgou que as transferências realizadas por Pessoas Físicas deverão, obrigatoriamente, serem gratuitas, o que deverá estimular ainda mais o uso do novo sistema.
Hoje o consumidor já encontra TEDs ilimitadas em alguns bancos, mas a vasta maioria das instituições ainda cobra tarifa de transferência, cujo custo varia entre R$3,00 e R$19,90 por transferência.
O fato do sistema não ter custo para pessoas físicas pode fazer com que a modalidade de transferência se transforme em um método de pagamento nos estabelecimentos, aí que entra o nosso próximo item.
CONCORRÊNCIA COM MEIOS DE PAGAMENTOS
No item anterior falamos que o Pix será gratuito em contas pessoais, isso pode fazer com que o novo sistema de pagamento do Banco Central se transforme em um popular método de pagamento no dia a dia, pois os estabelecimentos comerciais podem começar a receber pagamentos pela tecnologia.
Ademais, para os empreendedores o custo para receber pagamentos pelo Pix deverá ser muito inferior aos das maquininhas de cartões de crédito e débito, por exemplo.
Além do Pix, o Banco Central lançará um padrão de QR Code, chamado de BR Code, a novidade permitirá que pessoas e empresas recebam pagamentos usando códigos bidimensionais que serão vinculados ao CPF ou CNPJ.
O padrão brasileiro de QR Code promete ser tão revolucionário que criará uma espécie de QR Code do Cidadão, o que permitirá que até mesmo as pessoas sem conta bancária enviem e recebam dinheiro pelo Pix. Legal, não é?
LIQUIDEZ NO SISTEMA FINANCEIRO
O fato do consumidor poder realizar transferências ininterruptamente em qualquer dia e horário também deve mudar o mercado financeiro, sobretudo com relação aos investimentos. A tendência é que, futuramente, os bancos e as corretoras ampliem os horários de funcionamentos para investir.
Como o consumidor poderá receber dinheiro em qualquer horário, a tendência é que as instituições financeiras passem a permitir investimentos 24/7, nem que sejam apenas em títulos de renda fixa. Ademais, nos investimentos com liquidez a tendência é que o resgate das aplicações seja liberado em qualquer dia e horário, o que evita que o consumidor tenha que aguardar até o próximo dia útil para realizar o resgate.
Há vários setores econômicos que hoje enfrentam restrição de funcionamento devido a limitação de horário das transferências bancárias.
ENVIAR DINHEIRO FICA TÃO SIMPLES QUANTO MANDAR UMA MENSAGEM
O Pix marca também o fim da complexidade para enviar dinheiro! Através de contas em bancos e aplicativos o consumidor conseguirá criar uma “chave”, que poderá ser o endereço de e-mail, número de celular com o DDD ou ainda o CPF/CNPJ.
Assim, será possível enviar dinheiro para um número de celular ou endereço de e-mail, por exemplo. Ao digitar a chave (que pode ser e-mail, celular ou CPF) o sistema do Pix mostrará os dados do destinatário automaticamente, evitando que a pessoa que envia tenha que preencher mais de um dado para concluir uma transferência.
Chaves do Pix:
Para facilitar transferências o BC divulgou que, inicialmente, as seguintes informações poderão ser cadastradas como chaves de endereçamento de transferências, são elas:
- Número do celular com DDD;
- Endereço de e-mail;
- Número do CPF ou CNPJ;
- Chave aleatória gerada por APP (será composta por uma sequência de letras, números e caracteres especiais);
INTEGRAÇÃO COM DESBANCARIZADOS
O Pix poderá ser integrado em aplicativos através de APIs, algo que permitirá que os brasileiros sem conta bancária enviem e recebam dinheiro sem precisar ter uma conta bancária.
O aplicativo WhatsApp, por exemplo, já revelou que tem o interesse de integrar a sua solução de pagamento ao Pix do Banco Central, algo que ajudaria a incluir os desbancarizados no sistema financeiro.
RISCO DO LANÇAMENTO DE UM NOVO TRIBUTO NOS MOLDES DA ANTIGA CPMF
Infelizmente, nem tudo são flores! O novo sistema de transferência também abre possibilidade para que o governo crie um novo tributo nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), visto que com o Pix a tendência é que as transações sejam cada vez mais digitais.
Nos bastidores esse tipo de tributo já recebeu diversos nomes: Imposto sobre Operações Digitais, IVA Digital, Imposto Digital, dentre outros. A alíquota do tributo incidiria automaticamente sobre todos os pagamentos e transferências, podendo atingir tanto quem envia quanto quem recebe (as duas pontas).
Para evitar que os brasileiros voltem a usar o dinheiro em espécie como forma de burlar o novo tributo, a equipe Econômica já cogita cobrar uma alíquota maior nas retiradas em dinheiro em espécie.
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, já tentou emplacar a CPMF por diversas vezes, só não conseguiu ainda pois o novo tributo enfrenta resistência na base parlamentar. A criação desse novo imposto está sendo cogitada como essencial para que o Governo Federal possa desonerar a folha de pagamento e, com isso, estimular a criação de empregos no país.
CENTRALIZAÇÃO – GOVERNO TERÁ MAIOR CONTROLE
Todas as transações do Pix serão centralizadas em uma câmara de compensação do Banco Central, o que significa que qualquer pagamento ou transferência feito pelo sistema terá que, obrigatoriamente, passar pelo sistema do Bacen.
O controle maior sobre a circulação do dinheiro apresenta vantagens do ponto de vista tributário, pois o Governo conseguirá combater melhor os crimes de sonegação de impostos, corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes contra o sistema financeiro nacional.
No Pix não há como o dinheiro não deixar rastro, o governo conseguirá saber de onde vêm e para onde vai o seu dinheiro. É o fim do anonimato nos pagamentos!
Vale lembrar, no entanto, que os pagamentos via transferências bancárias e cartões também já não são anônimos pois as empresas são obrigadas a divulgar as movimentações dos clientes a partir de um determinado valor. A diferença é que com o Pix as empresas que processam pagamentos não precisarão informar as movimentações dos clientes ao órgão pois ABSOLUTAMENTE todas as transações vão passar pelo controle do Banco Central.
O uso do Pix será obrigatório em todos os bancos, instituições financeiras e fintechs com mais de 500 mil clientes.
Agora é esperar até o dia 05 de Novembro de 2020, data em que esse sistema revolucionário de transferência está previsto para começar a funcionar. Várias instituições financeiras já anunciaram o pré-cadastro das chaves do Pix.