Dominância dos bancos tradicionais cai para 81% no Brasil

Bancos digitais e fintechs estão, aos poucos, pulverizando o setor bancário no país.

Nesta quinta-feira (04), o Banco Central do Brasil divulgou o Relatório de Economia Bancária Brasileira de 2019, o documento revela que a concentração bancária caiu levemente no país em relação ao ano anterior. A queda da dominância dos bancos tradicionais é tida como essencial para aumentar a concorrência no setor bancário e, consequentemente, reduzir as tarifas e os juros aos consumidores.

Concentração bancária ilustração

Setor bancário no Brasil está lentamente sendo diverficado, mas os cinco maiores bancos do país ainda respondem por mais de 80% da concentração bancária do país.

Os “bancões” – cinco maiores bancos do país: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander – detiveram 81% da carteira de crédito do país em 2019; em 2018 esse percentual era de 81,2%.

Embora a queda seja, aparentemente, inexpressiva, os números revelam que os bancos tradicionais estão perdendo a dominância no setor bancário devido à forte concorrência dos bancos digitais e fintechs. O setor bancário está ficando mais pulverizado a cada ano.

Além do setor de crédito, a queda da dominância bancária pode ser observada ao analisar os números dos depósitos no país. No final de 2018 os cinco maiores bancos eram responsáveis por 83,8% de todos os depósitos; em 2019 esse número caiu para 83,4%.

Para o contador Anderson Motta, a queda da soberania dos grandes bancos deve ser sentida com maior intensidade a medida que o brasileiro vai se digitalizando. “A diversificação do setor bancário hoje depende da digitalização bancária. Os ‘big banks’ do Brasil são fortes pois os brasileiros ainda dependem muito do atendimento presencial, embora o cenário esteja mudando devido as iniciativas digitais que os próprios bancos tradicionais têm, inevitavelmente, estimulado“, destacou.

Motta lembrou que os próprios bancos tradicionais já estão lançando iniciativas digitais em uma tentativa de parar o crescimento das fintechs. O Bradesco, por exemplo, lançou o banco digital Next; o Itaú lançou o iti,  Santander a Superdigital, dentre outros. Hoje praticamente todos os bancos já oferecem a abertura de conta-corrente ou poupança de maneira 100% digital.

O maior banco digital do país – o Nubank – atingiu recentemente a marca de 25 milhões de clientes. Embora o número seja expressivo, a fintech ainda tem um enorme potencial de crescimento se considerarmos a média de clientes dos bancos tradicionais e o fato dela ter menos da metade do quinto colocado, o Banco Santander.

Além do Nubank, várias fintechs, aplicativos de pagamentos e bancos digitais estão disputando o setor financeiro no país.

O cliente de banco digital não é tão fiel quanto aquele de banco tradicional. A maioria acaba tendo relacionamento com mais de uma instituição financeira, outro fator que acirra a concorrência do setor.

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